quarta-feira, 9 de maio de 2007

Mãe eu acho que você não gosta muito de cartas porque acredita que as coisas devem ser faladas, mas penso que essa é a melhor forma em que eu me expresso. E há muito tempo eu preciso te falar essas coisas. Eu não sei se por falta de coragem ou oportunidade tudo isso passa despercebido... Mas eu preciso mãe, te agradecer por esses 18 anos de amor incondicional.
Eu queria te pedir perdão por ter feito você sofrer tantas vezes, primeiro com as minhas crises infantis, pois todo mundo diz que eu era uma criança muito difícil, depois quando cresci um pouquinho e deixei de dar birras, frequentemente reclamava a falta do meu pai e pensava que a culpa de não ter um pai presente era sua. Um grande engano. Perdoe-me também pelos problemas de pré-adolescente inconformada que volta e meia dizia um monte de besteiras porque você nunca me deixou fazer coisas consideradas totalmente normais (felicidade superficial) para mim como, por exemplo, colocar um piercing.
Perdoe-me mãe. Perdoe-me até pelos erros que eu ainda irei cometer. Sabe, hoje eu entendo se não todos, 99% dos motivos de tanta proteção e da sua educação rígida em tantos momentos. E compreendo também porque me obrigou a caminhar sozinha depois que percebeu que tanta proteção estava me deixando alheia às coisas do mundo. Eu entendo porque você não aceitava notas baixas e porque sempre cobrava tanto de mim. Eu entendo porque eu quase nunca participava de nada. Você me protegia porque sabia que se algo acontecesse comigo a responsabilidade seria só sua.
Tudo que eu sou mãe eu devo a você que me criou praticamente sozinha.
Às vezes eu sinto muita falta de ter um pai um presente. Um pai para me defender quando você exagerasse em alguma bronca, para brigar também quando eu estivesse errada, um pai para ter ciúmes do namorado e mandar ter muito cuidado com a sua princesinha... Para me levar no médico quando eu adoecesse de madrugada e para chorar com você, mãe, quando eu ficasse doente como já fiquei e vi de perto o seu desespero... Um pai mãe, para te amar. Um pai para que você não tivesse que se sacrificar tanto e ser as duas coisas.
Mas eu não tive e eu percebo até hoje como você se esforça para cumprir esses árduos papéis.
Vejo como você tenta sempre manter o equilíbrio entre me corrigir e me ajudar. E eu vejo a sua verdadeira preocupação comigo e o seu orgulho quando eu recebo algum elogio.
Porque você me conhece melhor do que eu mesma. Conhece as minhas bagunças, minhas reações, meus sentimentos. Conhece cada pedacinho de mim. Acredita no meu potencial, e cuida de mim com tanto carinho... Com seu jeito único e diferente de ser mãezinha. Mas eu não queria uma mãe diferente pra mim.

Obrigada por ser tão mãe e tão tudo.

Porque eu sou um pedacinho de você que você ama e guarda há tanto tempo. Errando e acertando, é claro, ninguém consegue ser perfeito e analisando a situação que você precisou enfrentar eu diria que cumpriu com total perfeição. Você é o meu exemplo de garra e de força, o meu espelho. Eu não sei se conseguiria enfrentar tudo sempre com a cabeça erguida e com tão poucas lágrimas que eu tive a triste oportunidade de ver quanto você. Você mesma diz que eu sou muito sensível e chorona e que não deveria encarar o mundo assim.
Você é uma mulher de poucos sentimentos demonstrados, mas de um coração tão grande que caberia o mundo inteiro.
Não existe mãe, nem nunca vai existir alguém que eu ame e que me encante mais do que você.

Feliz dia das mães.

Um comentário:

Raphael Rap disse...

Como tinha te dito, o bom do texto é que apesar de toda impessoalidade e frieza das letras você conseguiu denotar algo quente no teu coração e acima de tudo sinceridade no que diz.

Feliz Dia das Mães! (não posso esquecer desse detalhe rs)