sábado, 30 de junho de 2007

Como seria o seu nome eu nem sei. Ainda não tinha me decidido quando desisti do sonho. Para mim filhos são os resultados do amor. O resultado, assim mesmo como 2 + 2 são quatro. E como o amor é lindo, imagine então quão belo ser ele pode formar.
Por isso pra mim é sempre tão decepcionante ver pessoas que não são resultados de nada tão singular e que mesmo assim precisam acreditar na beleza do amor, para seguirem a vida... E eu não só vejo como vivo isso. Tudo isso, que contraria completamente os meus sonhos (ou o que resta deles).
Tento pensar que sou resultado de um amor que teve vida algum dia, apesar de me agarrar à idéia de que o amor não acaba. Não! O amor definitivamente não pode acabar. Terrível contradição. E a minha vontade era que, ao me olhar, meus pais revivessem todo amor e vissem toda a beleza desse amor refletida em meus gestos, nos meus traços tão perfeitamente compartilhados, fruto de uma bela união concebida por Deus. Mas não é isso que acontece. E mesmo assim eu me esforço para acreditar e esperar que comigo seja tudo diferente, precisa ser diferente...
E, mesmo sendo uma garota distraída sem o menor talento para a maternidade eu sonhava em ter uma filha (ou um filho, mas uma menina ilustraria melhor a situação) que fosse o resultado do grande amor que eu vou viver (que eu preciso viver, ou então nada do que eu acreditei até hoje fará sentido...). Ela se chamaria Emanuelle, Heloísa, Maria Eduarda, Giulia ou Mariana... Não sei. Não queria decidir antes de olhar o seu rostinho e ver qual descreveria mais o seu encanto. Teria os cabelos da mamãe e os olhos do papai que eu ainda nem sei se conhecia... Ah, mas ela ia ser tão linda...! E contemplar sua graça iria ser sempre motivo de emoção pra mim, um pedaço de mim, o amor concentrado (...). E mesmo quando me trouxesse problemas (pois filhos sempre trazem algum), ela seria o problema mais doce afinal. Eu deixaria de ser distraída para acordar ao som de qualquer barulhinho diferente que ela fizesse de madrugada e para protegê-la sempre... O meu amor, meu maior amor... Quanto cuidado teria com ela... E ela me protegeria também com a sua inocência. Talvez só hoje eu tenha percebido isso, mas quando nos sentimos desprotegidos só o amor nos acalma. A gente sempre corre pro colo amado mesmo que nem seja o mais seguro... Talvez porque essa pessoa seja tão importante que mesmo no fim, na verdade, tudo que você quer é estar ao lado dela. De uma forma exemplificada, o colo da minha filha seria tão protetor pra mim quanto o meu pra ela, entende?

Mas hoje eu decidi que eu não vou ter filhos. Não... Não vou dar ao mundo um pedaço tão precioso de mim. É uma pena. Uma grande pena mesmo, porque eu queria tanto... (...)

2 comentários:

Marília disse...

Ah...vai ter filho sim.
E vão ser lindos igual a vc!

Mas, belo texto!
Temos que acreditar...

"..A gente sempre corre pro colo amado mesmo que nem seja o mais seguro.."
Gostei!
;)

Raphael Rap disse...

Pôxa bonito texto não curti muito o encerramento... rs talvez seja porque há uma bela de contradição, mas quem pode entender esse tipo de coisa não é mesmo? A prática as vezes termina se diferenciando da teoria ou quem sabe num futuro tudo se junta...