Não sei dizer...

Não sei explicar porque me senti tão bem em falar tanto e não dizer exatamente nada. Cada palavra dita a você me traz o alívio de quem revela um segredo. Mas depois vem o vazio de quem vai contra a própria vontade. Contraditório? Não, apenas cansei de tentar testar meu auto-controle fazendo coisas que não gostaria de fazer só pra provar a mim mesmo a minha invulnerabilidade. Entre a sensação de ser forte ou sincero com meus sentimentos eu fico com a segunda, obrigado. Precisava mesmo de uma experiência assim para não me culpar sempre por tanta autenticidade. Exemplo disso: VOCÊ. Artista plástica que molda meus pensamentos.Eu me culpo demais, eu sei. Mas é que quando delegamos a culpa à outra pessoa não podemos inverter situação nenhuma. A não ser que assumamos o seu lugar. Não sei mudar pessoas, mas eu posso mudar. Sempre. Não sou inconstante, mas me adapto bem a começos e re-começos. Talvez eu te amedronte. Talvez não, certeza. Eu tenho medo também. Quem é verdade demais mete medo, e você mexeu comigo. E me meteu medo. Fico aqui agora, engolindo tudo que omiti, e torcendo por uma chance de te dar um beijo demorado antes mesmo do simples 'oi'. Queria te ver chegar com aquele sorriso surpresa, fácil e, com as mãos cheias de sabedoria nas caricias, os olhos cheios de sonhos e uma inocência tão vivida que me tirou pelo menos 5 anos da minha idade. E daí que você não pode ficar a vida inteira ao meu lado? Eu mentiria, te dizendo que nem sou tão frágil assim, e que essa meiguice enjoativa é só um disfarce. Em um momento se vive uma vida, não é? E tudo o que se leva da vida é a vida que se leva? E olha que eu nem te disse que com você tive o dia mais bonito de todos os 365 dias desse ano sem ao menos ter os conhecido todos os outros. Não disse nem a metade da sua importância pra mim. Queria ter a chance de dizer que o meu mundo para quando você coloca os seus olhos nos meus. Queria voltar no passado, exatamente naquela noite estrelada só pra dizer: "Você acredita em tudo o que vê?" e você responder: "Sim, porque?" e eu com o peito cheio de ar completar: "Com você eu acredito até no que eu não vejo...".

(texto meu, modificado por Erick Freire.)